A Sombra do Elefante

Na savana africana, o elefante está jururu. E seus amigos estão preocupados. O macaco, as avestruzes e o crocodilo, cada um a seu turno, tentam de tudo para animá-lo. Mas todas as tentativas fracassam. De repente, uma ratinha cruza seu caminho e um verdadeiro encontro acontece. Ter empatia e saber ouvir com atenção são as chaves para confortar a dor alheia. Poderosas soluções para aliviar o coração e a alma de quem está triste. Criança ou adulto. Não importa a idade. Publicado em nove países, A sombra do elefante traz uma delicada mensagem sobre as angústias infantis e seu enfrentamento.
Destaque: A sombra do elefante toca um tema de difícil abordagem “a melancolia infantil.” A partir da metáfora da sombra, sensivelmente aplicada ao esquema ilustrativo (no qual as páginas à esquerda mostram as cores quentes da paisagem africana em contraste com a frieza do azul, predominante nas páginas à direita, onde o elefante vive a sua dor), os autores revelam a melhor saída para lidar com as angústias humanas: com escuta atenta e empatia. Em geral, e especialmente com crianças, a reação daqueles que veem alguém sofrendo é tentar animá-lo, tentar tirar essa pessoa de seu estado melancólico, distraí-la de sua própria angústia. Na história, é isso o que fazem os amigos (claro, com boa intenção) quando se deparam com a tristeza do elefante. No entanto, o recomendável é deixar que as pessoas em sofrimento psíquico possam fruí-lo, possam dar espaço ao sentimento com vistas a entendê-lo (apagar esse sentimento, colocá-lo debaixo do tapete, só piora a condição). E, assim, poder colocar pra fora. Neste sentido, a personagem da ratinha é fundamental (e aí entra outro contraste ilustrativo: a dimensão da ratinha e do elefante; a saída para uma grande dor é delicada, pequena). Primeiro ela se aproxima afetuosamente, em silêncio, depois compartilha sua angústia e suas lágrimas (empatia) e, por fim, se coloca à disposição para ouvir o elefante (caso ele se sinta à vontade para compartilhar).  Com essa sugestão que o livro traz, pais, educadores e crianças terão a chance de dar melhor encaminhamento para seus sentimentos e os alheios.
Poucos livros no mercado abordam o tema de maneira tão delicada, afastando-se do discurso objetivo, prescritivo (faça isso, faça aquilo), de manual. As crianças SIM sofrem de depressão e melancolia. Quanto mais cedo soubermos lidar com isso da maneira mais sensível, mais teremos adultos psiquicamente sadios (ou pelo menos em melhor condição de lidar com suas próprias sombras). As crianças estão sofrendo muito nesta pandemia. Estão longe dos amigos e das brincadeiras (que, em si, têm efeito terapêutico) e estão mais próximas dos adultos (estes sempre atarefados, estressados e pouco habilidosos com os sentimentos infantis). De modo que é de se esperar que as crianças estejam sofrendo. Então, este livro é uma boa recomendação.